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“A verdadeira afeição na longa ausência se prova.”
Luís de Camões in Auto dos Anfitriões
E é pelas palavras intemporais de Camões que vos damos duplamente as boas-vindas: à nova temporada da Companhia Nacional de Bailado e, principalmente, ao renovado Teatro Camões, que em outubro abre de novo as portas, a plateia, o palco e os diversos bastidores aos artistas e aos públicos, depois de uma temporada inteira sobre profundas obras de requalificação.
Se a ausência não abrandou, nem tão pouco parou a grande Dança que alimenta a nossa Companhia, a ausência do seu palco-sede provou a verdadeira afeição pela excepcionalidade do estatuto do Teatro Camões: o de ser uma casa da dança nacional, paralelamente à presença contínua e abrangente no território nacional, tal como foi demonstrado na temporada passada.
Mas a desejada reabertura do Teatro Camões, num sopro de serendipidade, celebra também assim os 500 anos do nascimento do grande poeta da nossa língua, espelhando as desejadas mudanças dos tempos, dos espaços e, quiçá, das vontades.
A temporada 2024-2025, concebida ainda pelo meu antecessor Carlos Prado, vem demonstrar a trajetória de abertura da CNB para o largo campo da dança universal, em estreita ligação entre a memória e a modernidade e entre as origens clássicas e o arrojo contemporâneo. Tanto o regresso dos clássicos Coppélia, 15 anos desde a última apresentação, e Alice no país das maravilhas, de novo após a sua estreia em 2021, assim como a estreia em Portugal das peças dos coreógrafos Sharon Eyal, Iratxe Ansa & Igor Bacovich, Johan Inger e George Balanchine com o seu Stravinsky Violin Concerto, sem esquecer os recentes grandes favoritos do nosso público, Cantata, de Bigonzetti, Workwithinwork, de Forsythe, Cacti de Ekman e Minus 16 de Ohad Naharin, entre outras propostas, são um permanente convite para assistir à audácia da CNB em se colocar na estância da grande dança nacional e internacional.
Contamos ainda com a excelência da secular relação da Dança com a música ao vivo, destacando a presença na presente temporada da Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra de Câmara Portuguesa e o Quarteto de Cordas de Matosinhos.
Mas queremos, e vamos, chegar mais longe, amplificando a circulação nacional, os programas de aproximação à dança e os projetos de formação e mediação de públicos, numa dinâmica de proximidade em todo o território nacional, contribuindo igualmente para o desenvolvimento de novos talentos nacionais, para uma coesão cultural com todos os públicos e nos encontros pela dança que, deste modo, procuramos estabelecer como um ponto de partida para as celebrações dos seus 50 anos em 2027.
A nossa Companhia espera entusiasticamente por si!
Fernando Duarte
Lisboa, 12 de setembro de 2024
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